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quarta-feira, 18 de novembro de 2009

20 de jornalismo da UFMS, o que mudou?

O homem muda ou contexto ou o contexto muda o homem. Com grata satisfação recebi o email convite que comemora os 20 anos do curso de jornalismo, no próximo dia 25 de novembro, em sessão especial na Assembléia Legislativa. Quanta a caminhada... Que bom ligar a telinha da Globo e ver a carinha da Veruska Donato, ou no Globo Esporte e ver o Eric. Ou matérias bombásticas do Rubens Valente e do Hudson Côrrea na Folha de São Paulo. Ou conhecer e acompanhar o trabalho de jornalistas anônimos do grande público, ideológicos e fundamentais para a construção de um nova sociedade, como Éber Benjamim e a Rosália, profissionais que labutam junto ao movimento sindical e como eu, acreditam que somente a organização dos trabalhadores muda a realidade social do nosso País e cria uma nova pauta para os políticos e para os próprios meios de comunicação.
Lembro dos sonhos de produzir um jornalismo de qualidade, numa redação sucateada de máquinas Olivetti. Da indignação frente ao abandono da universidade pela elite tucana, sem professor concursado, sem laboratório, mesmo assim motivados por uma idéia na cabeça e uma máquina na mão e matéria de capa no Projétil.
Lembro dos primeiros contatos e frustações diante das primeiras censuras políticas e econômicas patrocinadas pelo poder estatal, pois na terra do boi, a iniciativa privada ainda não aprendeu que o jornalismo desatrelado do Estado é principal armar para fazer o próprio Estado se aperfeiçoar e disciplinar as relações econômicas do mundo "civilizado".
Lembro de um certo gosto de egoísmo e de competitividade que ainda pairam na prática de redação, onde muitas vezes somos adversários, desumanos, desleal e mesquinhos, sinal que aprendemos a técnica, mas desprezamos a estética e colocamos a ética no bolso ou para pequenas ocasiões. Vale na teoria, mas não são incorporadas à vida profissional e cotidiana.
Sinto a dureza de aprender que jornalismo independente não existi. O que existi é interesse de empresa, negócios privados e estatais que se misturam, restando-nos pequenas brechas onde emplacamos um pouco daquilo que na minha opinião acredito ser jornalismo: compromisso com os direitos humanos, combate a corrupção, defesa das minorias excluídas e oprimidas e agora contra a devastação da civilização humana pela ânsia do lucro e do consumo desenfreado, no qual estamos inserido.
Sinto que a hora de apostar no jornalismo público, independente do Estado e do poder econômico, capaz de fugir da bestialidade da audiência produzida pela repetição estética escravizante da mídia comercial.
20 anos do curso de jornalismo da UFMS. Estamos produzindo cidadãos para Brasil, cada qual contribuindo dentro do que sabe ou deseja para a construção de um novo mundo, com contradições, certezas e incertezas, porém cidadãos.
Vejo que o sonho de arautos da profissão, como professor Edson Silva, Margarida Marquês, Célia, sindicalista, o ex-reitor Jair Madureira, Professor Otaviano, judeu puro sangue (in-memorian), pessoas que pelo exemplo me estimularam a sair das trincheiras da Educação e abraçar a do jornalismo, mesmo enrustido numa assessoria de imprensa que as vezes me sufoca.
Vocês ergueram a parede do pleno exercício da cidadania e aqueceram a mente com os sonhos e utopias de mundo mais humano, fraterno e justo. Obrigado!