Páginas

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

30 anos das Diretas Já - Juventude secundarista lidera movimento no MS

Comício das Diretas a Praça da Sé - Arquivo Ig

Os 30 anos das Diretas, comemorada hoje, já devia ser um dia de muita reflexão sobre o valor da Democracia no nosso País. Movimento pacífico, ordeiro e legítimo nascido do berço do novo sindicalismo desatrelado do Estado, das comunidades eclesiais de base, do novo empresariado que clamava por oportunidades e participação de uma nova Economia.
O modelo econômico, desenvolvimentista, dependente do capital internacional e cartesiano  gestado pelo Regime Militar já não mais atendia nem as próprias forças de direita. Precisa ser modernizado. Descontentes, eles se uniram ao campo popular e democrático e teve como desdobramento uma das maiores mobilizações populares pacíficas do País.
Aqui em Campo Grande o movimento das Diretas Já! teve movimento secundarista, no antigo Partido Comunista do Brasil, no MR-8,  PCdoB,  no MDB  de intelectuais, empresários e profissionais liberais e o pequeno, mais aguerrido PT, a força para estruturar e ganhar as ruas.
Ancorado na militância da Juventude Secundarista, reunidas na UCE, partiram as passeatas até as esquinas da 14 de julho com Afonso Pena. Delas surgirem lideranças políticas com Waldir Neves que da esquerda pulou para os braços do PSDB e hoje é Conselheiro do Tribunal de Contas, Alex do PT, Luísa Ribeiro, Pedro Kemp. De tabela abriu caminho para que o governo do Estado saísse dos braços de Pedro Pedrossian e o campo democrático elegesse Wilson Barbosa Martins o novo governador popular de Mato Grosso do Sul e ainda revelasse o atual Governador André Puccinelli, na época considerado progressista.
Empurrados por comícios musicais animados ao som de Coração de Estudante, Bailes da Vida de Milton Nascimento, animados por pratas como o velho e sempre bom grupo Acaba, o sorriso e a alegria eram as marcas da irreverência de milhares de campo-grandenses clamando nas ruas por um nova ordem política e econômica, com o fim do FMI, chanceladas por Delfim Neto e cia.
Parte do Congresso fechou os olhos para o clamor das ruas, como a Emenda Dante de Oliveira, não sendo aprovada. Houve a  recusa dos parlamentares do PT que se negaram a participar do acordão que tiveram à frente José Sarney e Menestrel das Alagoas, Teotônio Vilela, ela abriu o caminho para uma transição de democrática que garantiu mais quatro ano para o Presidente militar João Batista Figueiredo. Foi preciso recuar para avançar.
Mesmo com 30 anos de regime democrático, ainda convivemos com mídia pouca acostumada com ela. A juventude que na época criticava a   Rede Globo pela omissão na cobertura da campanha envelheceu, mas a nova juventude das jornadas de junho de 2013 continua criticando o mesmo modelo de jornalismo manipulador e anti-democrático produzido do País e agora contestado nas ruas e pelas redes sociais.
Depois de 30 anos, as jornadas de junho de 2013, puxada pela ciberjuventude traz novos desafios, agora contestando a velha formula de fazer política e os acordões políticos.  
A exemplo de que aconteceu nas Diretas Já,  o Congresso, cujos representantes foram eleitos pelo voto popular, não deve tapar os ouvidos para os apelos que vieram da rua.
Estamos diante de um novo paradigma e os desdobramentos são imprevisíveis. Os anonymous não aceitam a política do faz de conta, vai passar, vamos empurrar com a barriga, vamos parecer honestos. Eles têm pressa e cobram agora qualidade de vida.  Daí a importância de se fazer uma reforma política e eleitoral profunda, inverter as ordem das políticas públicas e do combate sem trégua a corrupção, apertar o passo na distribuição de renda, inverter a lógica perversa de cobranças de impostos, dentre outras demandas reprimidas. 
Depois  desta trajetória, o País precisa ser passado a limpo e a democracia radicalizada, sob pena de retrocessos nas conquistas obtidas nas ruas, em mobilizações históricas com as Diretas Já e o Impeachment de Collor, hoje senador e aliado do Governo Dilma.
Não podemos e não devemos desencantar nossa juventude.
A democracia é um valor Universal e patrimônio de todos os brasileiros.