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terça-feira, 25 de junho de 2013

A revolta dos filhos da classe média.


Por sucessivos Governos a classe média brasileira vota errado e paga um preço alto por isso. Pesquisa da  Data Folha mostra que um percentual expressivo da sociedade favoráveis a manifestação tem renda superior a cinco salários mínimos. Outro percentual significativo, com renda até dois salários mínimos é contra os protestos, somados aos mais idosos.  
O sociólogo Paulo Cabral, em entrevista concedida no programa Noticidade, da FM Cidade, na segunda feira, resgatou que foi a classe média tradicional Brasileira que elegeu Collor de Mello e pagou com o confisco da poupança. Depois apostou em Fernando Cardoso e amargou mais de oitos anos de achatamento salarial e perdas de direitos, depois, uma parte, elegeu Lula  e começou a dividir espaço com os mais de 30 milhões de brasileiros que saíram das classes D e E.
Além de ser penalizada com um imposto de renda agressivo, com alíquotas de até 30% da renda, empurrada por aumentos históricos do salário mínimo, preços abusivos nos combustíveis, ela teve que dividir as ruas com mais automóveis com a democratização do crédito, os espaços nos aviões, os aeroportos e até as compras em Nova York ou os passeios na Disneylândia.
Perdeu também o privilégio de usufruir a totalidade das vagas nas universidades públicas,  pois com a instituição das cotas perdeu 50% das vagas. Mais a gota d’água, na opinião de Paulo Cabral, foi a nova regulamentação do trabalho das empregadas domésticas, rompendo um ciclo de trabalho semiescravo, gerando demissão e a incorporação das atividades domésticas, anti relegadas a trabalhadores de segunda classe.  
Após várias tentativas de emplacar a bandeira de combate a corrupção pela internet, com atos esvaziados,  este segmento da sociedade se apropriou de bandeira legítimas do movimento popular: o passe livre e as desocupações de áreas para obras da Copa do Mundo, principalmente em torno do Maracanã e o Mineirão.
Por meio de sistema de comunicação horizontalizada, patrocinada pelas redes sociais, criou uma identidade com as demandas reprimidas historicamente: saúde, democratização nos meios de comunicação, contra a PEC 37, combate a homofobia, transparência do Estado, punição severa a corrupção.
Um exemplo disso é que em Campo Grande boa parte dos organizadores redes do Facebook são alunos de escolas privadas. 
Os movimentos de rua dos jovens com uso de tecnologias como Android, Apple, Instagram, pegaram os Governos Federais e Estaduais, os partidos políticos, tanto de esquerda, como centro e direta, e as organizações formais da sociedade de calça curtas e coloca na agenda uma nova forma de organização, atropelando as formas tradicionais de se fazer política.
Sem lideranças personalizadas, apartidária, a classe média, endividada, não vê suas reivindicações contempladas nem mesmo pelo PT, agregou os mais diversos setores da sociedade, inclusive os mais atrasados, de integralista, a marginalidade acuada com a ação ostentiva dos policiais nos redutos da criminalidade, ao agronegócio que defende a continuidade da expropriação das terras indígenas.
O crescimento das mobilizações foi apropriado pelos grandes conglomerados econômicos da comunicação que agora tentam, mais uma vez, fazer a pauta política do Executivo e do Legislativo, mesmo também repudiados.
No mais a “geração Coca Cola”, explodiu, tem pressa e propostas, mesmo sem entender  direito o funcionamento dos poderes formais, inverte a lógica da pauta política, faz políticos  trabalharem e os Governos a reverem suas agenda  políticas e prioridades. 
Parafraseando o  jornalista Paulo Henrique Amorim chegou a hora do Governo Dilma refletir sobre a política econômica de “ser mãe dos ricos e pai dos pobres”.
Tem o desafio de fazer as reformas necessárias, mesmo sem for preciso convocar consultas populares  e rever a política de enforcamento da classe média, dotando as cidades de estruturas necessárias para que o País reduza o seu IDH.
Para tanto, terá coragem de meter o dedo na ferida e colocar na pauta o imposto sobre fortunas, reduzir impostos indiretos como o ICMS  rever a política de renuncia fiscal para os grandes grupos econômicos.
A Receita está nas ruas, basta ter habilidade, sintonizar as demandas e governar para a maioria.
O autoritarismo não pode  substituir a democracia.  
Em tempo, sugiro que assistam o filme "Chovem em Santiago", pois a classe revoltada é a mesma.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Protestos não podem virar Coca Cola

Tramita no Congresso Nacional o projeto que preconiza a Reforma Eleitoral. Os protestos de ruas que assolam o País mostram o total descrédito das instituições: Executivo, Judiciário e Legislativo. A juventude do Pais e boa parte dos cidadãos de boa fé estão apontando que o atual sistema de representação politica faliu, torna os parlamentares longe dos seus eleitores e de suas ansiedades, facilmente suscetíveis ao balcão de negócios que virou nossa política do toma lá dá cá. 
Em nosso pais, para nossa tristeza, a figura do político está associado a bons salários, corrupção e esperteza, inclusive com aval de boa parte da sociedade que vota por conveniência ou em troca de favores. 
Sou daqueles cidadãos que não se acostumam a política de usurpação do dinheiro público. Ainda vejo na política a nobre arte de representar os anseios da sociedade, dialogar, reivindicar, definir a pauta prioritária do País e os respectivos orçamentos e, o mais importante, fiscalizar o emprego de públicos. 
O Grito das Ruas, avessas aos partidos políticos e a velha politicagem, agora tem ter ressonância nos próprios partidos, no Congresso, no Judiciário e no próprio Governo Federal, que deve repensar sua pauta política, aproveitar a onda e fazer o que o Brasil precisa, urgente: aprovar a Reforma Eleitoral, fiscal e tributária, aprovar o orçamento impositivo, priorizar investimentos na saúde, no transporte de massa e melhorar o atendimento dos serviços prestados à população.
Após a onda de protestos, cabe, agora, a nossa juventude, mostrar a classe política o que o Brasil precisa para avançar rumo a verdadeira democracia, mais igualitária e justa socialmente. Os protestos não podem ter apenas o efeito Coca-Cola, depois que explode, fica choca, sem graça e acaba sabor.